REVER n.º 1 | 2020
Submissão de artigos até 15-01-2020

O universo das religiões e das espiritualidades dá testemunho de uma resistência a certas representações modernas do corpo - o corpo anatomizado ou o corpo-máquina, industrializado e medicalizado. A memória das religiões é mediada pelos corpos. Eles são um veículo de transmissão e identificação por meio de regimes posturais, gestos, inscrições, disciplinas, sonoridades, etc. O homo religiosus age com o corpo, mesmo quando deseja libertar-se dele. Como observou Pierre Bourdieu o que se representa na cultura sob a forma mais espiritual ou imaterial (état d’âme) deve compreender-se a partir da sua inscrição na materialidade social de uma estrutura (état de corps).
Este dossiê da REVER pretende acolher estudos e ensaios sobre o corpo em movimento, nas suas práticas e sentidos, como expressão de uma espiritualidade e lugar de abertura à transcendência. Este interesse de pesquisa cobre duas direções: a compreensão do corpo em movimento no contexto de vivências espirituais e religiosas; a construção de sentidos espirituais para as práticas performativas e/ou de intensidade física (dança e desporto, entre outras). Para esta definição de pesquisa, toma-se como ponto de partida o paradigma da motricidade humana, tal como, o filósofo Manuel Sérgio o pensou: a motricidade humana como movimento intencional de transcendência (https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Sérgio).
Alguns tópicos privilegiados:
- O corpo ritualizado
- O gesto cerimonial
- Corpo – imanência e transcendência
- Corpo, risco e transcendência
- Disciplinas do corpo nas tradições religiosas
- Religião, espiritualidade e práticas de intensidade física
- Marcha e peregrinação
- Religião, espiritualidade e dança
- Corpo, imaginários e novas espiritualidades
- Interpretações religiosas do desporto e da atividade física
- Heroicidades religiosas e desportivas
- Significação religiosa, espiritual e estética da ação performativa
Coordenação: Helena Gil da Costa | Katia Mortari